Détruire dit-elle + Barry Lyndon

Assinalando os 30 anos da morte de Serge Daney (1944-1992), um dos maiores críticos na história do cinema, relemo-lo e vamos ao encontro da sua “cinécriture”. No Teatro Rivoli, a 18 de outubro, com Détruire dit-elle, obra-prima de Marguerite Duras, também sua amiga e com a qual gravou imensas conversas sobre o cinema, e o “siderante” Barry Lyndon, de Stanley Kubrick.

19:00 — Détruire dit-elle (1969)
de Marguerite Duras

“Duras sabe falar às pessoas durante o sono delas, sabe soprar-lhes os sonhos.” — Serge Daney 

Uma mansão, um jardim onde se pode repousar à sombra, com guarda-sóis, mesas e chaises-longues onde os hóspedes, veraneantes (alguns doentes?) repousam. Uma mulher melancólica e solitária, deitada em silêncio horas seguidas, intriga dois dos clientes deste hotel: Stein e Max Thor, intelectuais e voyeurs que se desdobram em confidências. E há ainda um quarto elemento, uma outra mulher, Alissa, quase o oposto da primeira, dura, sensual e livre. Um filme revolucionário, “dedicado à juventude”. Diz Duras: “il faut détruire dit-elle‚ pour aimer à nouveau”.

21:00 — Barry Lyndon (1975)
de Stanley Kubrick

“As personagens de filmes como Barry Lyndon beneficiam de súbito de uma opacidade que provoca uma comoção tão forte que faz delas, a meu ver, personagens de ‘cinema’.” — Serge Daney 

Adaptação da obra-prima de Thackeray, A Feira das Vaidades, esta é a história de um aventureiro do séc. XVIII que procura a ascensão social a qualquer custo, pelo sexo, pela guerra, pelo jogo. Um filme onde o “realismo” é fantástico, com fabulosos décors e figurinos (que ganharam Óscares) e uma prodigiosa fotografia de John Alcott, que com umas lentes Zeiss aperfeiçoadas reproduzia a luz daquela época nos interiores iluminados pela luz das velas, tal como a vemos nos grandes pintores da época.