Retratos
André e. Teodósio & José Maria Vieira Mendes / Teatro Praga
Maio
2023
Qui
25
Sobre INFO MANÍACO
Podemos olhar para o vosso espetáculo como um trabalho autobiográfico? De que forma? O que creem que este espetáculo pode revelar sobre vocês e o vosso universo enquanto artistas?
Mais do que um espetáculo autobiográfico é um espetáculo que pensa sobre as possibilidades da autobiografia. Pensar por exemplo que nascemos antes de termos nascido, que já morremos ou que morreremos depois de mortos, que somos o lugar aonde nunca fomos, os textos que nunca leremos, e por aí fora. E nesse sentido poderá afirmar-se que o espetáculo é o nosso “universo”, em expansão permanente, instável e desfiando uma ideia de sujeito finito ou presente.
Durante o vosso processo de criação, inspiraram-se em algum trabalho autobiográfico ou autorretrato?
Usámos muitas coisas, muitos materiais, nossos e de outrxs. Não necessariamente trabalhos “autobiográficos”. Mas queríamos que fosse um espetáculo que cruzasse histórias do teatro, histórias do universo e histórias de uma companhia que é um coletivo, o Teatro Praga, para pensar a ideia de história e a ideia de ideia. “Importa que histórias contam histórias” (Donna Haraway) é uma preocupação autobiográfica.
Se tudo se relaciona, se quisermos, qual é a relação que mais quiseram estabelecer em palco? Alguma relação que tenha surgido sem que quisessem e que esteja lá?
As relações, como as que estabelecemos com uma paisagem, são determinadas pelo olhar, pelas circunstâncias e estão para lá da nossa vontade e compreensão, tal como a língua se faz sem que tenhamos mão nela. Se considerarmos Infomaníaco um espetáculo autobiográfico, então importa perguntar quem é o sujeito da autobiografia, porque não tem necessariamente de ser o corpo em palco, pode também ser quem está na plateia ou quem nunca nela se poderá sentar ou as cadeiras, paredes, projetores ou teto.
Haverá mundos pós- ou pré-fake? Ou que de tão fake deixaram de ser fake? Se sim, passaram a ser o quê?
Para perceber esta pergunta, para que se possa encontrar a linha que separa a falsidade da verdade, teremos de perceber que real, de entre muitos, tem precedência “nos mundos” que a pergunta descreve. A nossa realidade, a do espetáculo, é quântica e exige investimento de sentido, discussão, leitura, relações e partilhas.
Podemos olhar para o vosso espetáculo como um trabalho autobiográfico? De que forma? O que creem que este espetáculo pode revelar sobre vocês e o vosso universo enquanto artistas?
Mais do que um espetáculo autobiográfico é um espetáculo que pensa sobre as possibilidades da autobiografia. Pensar por exemplo que nascemos antes de termos nascido, que já morremos ou que morreremos depois de mortos, que somos o lugar aonde nunca fomos, os textos que nunca leremos, e por aí fora. E nesse sentido poderá afirmar-se que o espetáculo é o nosso “universo”, em expansão permanente, instável e desfiando uma ideia de sujeito finito ou presente.
Durante o vosso processo de criação, inspiraram-se em algum trabalho autobiográfico ou autorretrato?
Usámos muitas coisas, muitos materiais, nossos e de outrxs. Não necessariamente trabalhos “autobiográficos”. Mas queríamos que fosse um espetáculo que cruzasse histórias do teatro, histórias do universo e histórias de uma companhia que é um coletivo, o Teatro Praga, para pensar a ideia de história e a ideia de ideia. “Importa que histórias contam histórias” (Donna Haraway) é uma preocupação autobiográfica.
Se tudo se relaciona, se quisermos, qual é a relação que mais quiseram estabelecer em palco? Alguma relação que tenha surgido sem que quisessem e que esteja lá?
As relações, como as que estabelecemos com uma paisagem, são determinadas pelo olhar, pelas circunstâncias e estão para lá da nossa vontade e compreensão, tal como a língua se faz sem que tenhamos mão nela. Se considerarmos Infomaníaco um espetáculo autobiográfico, então importa perguntar quem é o sujeito da autobiografia, porque não tem necessariamente de ser o corpo em palco, pode também ser quem está na plateia ou quem nunca nela se poderá sentar ou as cadeiras, paredes, projetores ou teto.
Haverá mundos pós- ou pré-fake? Ou que de tão fake deixaram de ser fake? Se sim, passaram a ser o quê?
Para perceber esta pergunta, para que se possa encontrar a linha que separa a falsidade da verdade, teremos de perceber que real, de entre muitos, tem precedência “nos mundos” que a pergunta descreve. A nossa realidade, a do espetáculo, é quântica e exige investimento de sentido, discussão, leitura, relações e partilhas.