Público Reservado

Howard Barker é o último dos trágicos. Insiste na ideia de estabelecer um mundo povoado de morte, criado através do gesto violento, e da língua: sempre ela entre eu e o Outro, sempre a criar não pontes, mas pontuações: brechas, fraturas, pausas, mal entendidos, suspensões entre o que penso e o que minha língua traduz. A linguagem — sempre esta — no início de tudo, a separar-nos dos outros animais. Ou de arte teatral, como diria Barker, em vez de teatro. Judith: A Parting From The Body, uma reinvenção da estória de Judith e Holofernes, onde Judite assassina o General Holofernes, após uma dissimulada sedução, para libertar o povo da tirania, na véspera de mais um conflito e Dead Hands, onde dois irmãos e a amante do pai, para confrontarem tudo o que não se pode dizer. — Renata Portas


A Público Reservado conta com nove anos de existência, durante os quais tem vindo a apresentar espetáculos regulares por iniciativa própria, em salas ou espaços alternativos como Contagiarte (2013), Fundação José Rodrigues (2014), Hotel Zero Box Lodge (2019), Rua das Gaivotas (2022) e Luz e Vida (2022). Paralelamente, teve reiteradas coproduções com salas como o Teatro Nacional São João ou o Teatro Municipal do Porto. Trabalha um teatro reconhecido como de repertório, procurando uma abordagem experimental e autoral em figuras como Jean-Luc Lagarce, Valère Novarina, Peter Handke, Jean Anouilh, Luigi Pirandello e Heiner Muller, entre tantos outros. Tem também como missão explorar os limites do teatro e da linguagem e desenvolver um trabalho de pesquisa, experimental, com períodos longos de ensaio e maturação a cada espetáculo/objeto, visando um teatro de arte, conforme enunciado por Giorgio Strehler, ou seja, buscar um teatro que atinja a excelência artística sem descuidar o espectador como cúmplice dessa aventura.