ARK Porto Escola dos Confins e de Nenhures
Crónica das Margens. Lição n.º 6
Julho
2021
Sex
9
ARK Porto Escola dos Confins e de Nenhures
Crónica das Margens*
Lição n.º 6
InterStruct Collective, Mapaeando Caminhos Descoloniais
Hoje regressámos à nossa escola, a Biblioteca Popular de Pedro Ivo, no Jardim do Marquês, da qual fomos afastados pela chuva nos últimos dias. E, com este regresso, a surpresa de termos o livro-sebenta desta escola pronto à nossa espera. Nele se reúnem todos os mapas radicais dos cartógrafos convidados da ARK Porto Escola dos Confins e de Nenhures, além dos seus textos e biografias, juntamente com o ensaio do Jorge Ricardo Pinto e dos curadores do projeto, o Joclécio Azevedo e a Inês Moreira. Mas só regressámos ao Marquês depois de uma visita a um outro jardim da cidade: o do Palácio de Cristal.
Esta aula, orientada por dois membros do coletivo InterStruct Collective, Desirée Desmarattes e Vijay Patel, consistiu numa visita de estudo organizada por uma vertente lúdica estrutural. O mapa dos InterStruct propõe-se cartografar os vestígios do colonialismo na cidade do Porto através das marcas deixadas por um período histórico que foi de várias formas celebrado e permanece no imaginário e na paisagem da urbe portuense. E um dos mais importantes acontecimentos celebrativos foi a Primeira Exposição Colonial Portuguesa, em 1934, que seria realizada no Porto, por decisão de António de Oliveira Salazar e Henrique Galvão, inspetor da Administração Colonial, no Palácio de Cristal e nos jardins envolventes, transformados para o efeito. Os InterStruct conduziram-nos ali por uma seleção de marcos ocultos, organizados por seis temas que guiaram a visita: capitalismo, propaganda, discriminação, reparação, ciência e espaço público.
Os InterStruct são um coletivo formado em 2017 integralmente constituído por elementos internacionais, sediado no Porto, com o objetivo de criar uma plataforma colaborativa onde o interculturalismo possa permitir uma abordagem discursiva, intervenções e projetos adaptados ao contexto onde se inserem de forma disruptiva em relação a preconceitos ideológicos e políticos. Neste caso concreto, adotaram um modelo simultaneamente pedagógico – introduzindo e contextualizando factos históricos da exposição colonial portuguesa ao longo do percurso –, lúdico – propondo pequenos jogos durante e no fim da visita, quando regressámos à Biblioteca Popular – e emocional – a cada passo foi sendo pedido aos participantes que se exprimissem de diferentes formas (performativa, visual, oral) sobre os cenários históricos e sociais que lhes eram apresentados.
Regressados ao espaço da nossa ARK Porto Escola dos Confins e de Nenhures, a turma integrou no tabuleiro deste jogo dos Caminhos Descoloniais as suas impressões, para que os InterStruct prossigam o seu mapeamento e desmantelamento crítico e sistémico de referências associadas ao colonialismo e aos nacionalismos que lhe estão associados.
*Crónica das Margens - Gisela Leal, Cronista das Margens, acompanhará as expedições trans/inter/fronteiriças da ARK Porto Escola dos Confins e de Nenhures, fazendo o levantamento de coordenadas e o reconhecimento dos territórios sensíveis explorados pelos "novos cartógrafos" da cidade nesta sala de aula a céu aberto. Diariamente, em modo grafado e/ou gravado, fará o resumo da matéria dada.
Crónica das Margens*
Lição n.º 6
InterStruct Collective, Mapaeando Caminhos Descoloniais
Por Gisela Leal
Hoje regressámos à nossa escola, a Biblioteca Popular de Pedro Ivo, no Jardim do Marquês, da qual fomos afastados pela chuva nos últimos dias. E, com este regresso, a surpresa de termos o livro-sebenta desta escola pronto à nossa espera. Nele se reúnem todos os mapas radicais dos cartógrafos convidados da ARK Porto Escola dos Confins e de Nenhures, além dos seus textos e biografias, juntamente com o ensaio do Jorge Ricardo Pinto e dos curadores do projeto, o Joclécio Azevedo e a Inês Moreira. Mas só regressámos ao Marquês depois de uma visita a um outro jardim da cidade: o do Palácio de Cristal.
Esta aula, orientada por dois membros do coletivo InterStruct Collective, Desirée Desmarattes e Vijay Patel, consistiu numa visita de estudo organizada por uma vertente lúdica estrutural. O mapa dos InterStruct propõe-se cartografar os vestígios do colonialismo na cidade do Porto através das marcas deixadas por um período histórico que foi de várias formas celebrado e permanece no imaginário e na paisagem da urbe portuense. E um dos mais importantes acontecimentos celebrativos foi a Primeira Exposição Colonial Portuguesa, em 1934, que seria realizada no Porto, por decisão de António de Oliveira Salazar e Henrique Galvão, inspetor da Administração Colonial, no Palácio de Cristal e nos jardins envolventes, transformados para o efeito. Os InterStruct conduziram-nos ali por uma seleção de marcos ocultos, organizados por seis temas que guiaram a visita: capitalismo, propaganda, discriminação, reparação, ciência e espaço público.
Os InterStruct são um coletivo formado em 2017 integralmente constituído por elementos internacionais, sediado no Porto, com o objetivo de criar uma plataforma colaborativa onde o interculturalismo possa permitir uma abordagem discursiva, intervenções e projetos adaptados ao contexto onde se inserem de forma disruptiva em relação a preconceitos ideológicos e políticos. Neste caso concreto, adotaram um modelo simultaneamente pedagógico – introduzindo e contextualizando factos históricos da exposição colonial portuguesa ao longo do percurso –, lúdico – propondo pequenos jogos durante e no fim da visita, quando regressámos à Biblioteca Popular – e emocional – a cada passo foi sendo pedido aos participantes que se exprimissem de diferentes formas (performativa, visual, oral) sobre os cenários históricos e sociais que lhes eram apresentados.
Regressados ao espaço da nossa ARK Porto Escola dos Confins e de Nenhures, a turma integrou no tabuleiro deste jogo dos Caminhos Descoloniais as suas impressões, para que os InterStruct prossigam o seu mapeamento e desmantelamento crítico e sistémico de referências associadas ao colonialismo e aos nacionalismos que lhe estão associados.
*Crónica das Margens - Gisela Leal, Cronista das Margens, acompanhará as expedições trans/inter/fronteiriças da ARK Porto Escola dos Confins e de Nenhures, fazendo o levantamento de coordenadas e o reconhecimento dos territórios sensíveis explorados pelos "novos cartógrafos" da cidade nesta sala de aula a céu aberto. Diariamente, em modo grafado e/ou gravado, fará o resumo da matéria dada.