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Quantas realidades cabem na nova temporada?

Programação setembro — dezembro 2023 já disponível

Julho

2023

Qua
5
A nova temporada do Teatro Municipal do Porto arranca a 15 de setembro com um espetáculo contemplativo e de conexão na Praça D. João I, aberto à comunidade. “Dialogo Terzo: In a Landscape” é o terceiro capítulo do projeto Dialoghi, da companhia CollettivO CineticO, encabeçada por Francesca Pennini e Alessandro Sciarroni. Uma peça coreográfica cujo título se inspira na composição homónima de John Cage, criada para “apaziguar a mente, tornando-a suscetível a influências divinas”. Uma meditação vertiginosa na Praça D. João I, numa tentativa de encontrar quietude e serenidade por entre a correria da cidade, abrindo as portas do teatro ao espaço público.

No fim-de-semana que assinala a rentrée, o Grande Auditório do Rivoli recebe “Gust9723” de Francisco Camacho, uma remontagem da peça original de 1997, que conta com um elenco renovado e com intérpretes locais. Uma coapresentação com o CCB, que se descreve como “um trabalho sem tema de antemão. Passados 26 anos, Gust9723 é um trabalho com/sobre/a partir desse trabalho sem tema de antemão, mas com título, gestos, cenário, atmosfera, cenas, sons e temporalidade pré-dados. No entanto, esses pré-dados não predeterminam, necessariamente, a peça hoje. Antes indicam caminhos que podem ou não ser trilhados.”

As diferentes noções de tempo estarão presentes na programação do TMP até dezembro. “Movidos pela questão de como podem os teatros mostrar realidades, exploramos todos os locais e espaços como possibilidade para levar a cabo diálogos entre o Porto e o mundo com um sentido de tempo e relação”, explicam os codiretores Cristina Planas Leitão e Drew Klein que, antecipam a temporada: “O programa foi ajustado e apresenta obras que variam muito de escala e de disciplinas dentro do espectro contemporâneo, mas sempre com um sentido de coragem no seu conteúdo ou forma que gera uma nova expectativa em relação à missão e ao papel de um teatro municipal na cultura contemporânea.” 

Na nova temporada do TMP é renovado o apoio aos artistas e companhias da cidade

Ainda em setembro, dias 22 e 23, chega ao Campo Alegre “Corpo Clandestino” de Victor Hugo Pontes/Nome Próprio, que assinala 20 anos de carreira. Um lugar de fala de sete intérpretes que são veículos de identidade. Corpos não normativos que lançam o espectador, sem rede, numa paisagem poucas vezes vislumbrada.

A 29 e 30 estreia “Casa dos Pais” de Luís Araújo & António Parra/A Turma, no Rivoli. No teatro não existe nada entre o espectador e a performance, é ele o responsável por enquadrar e selecionar a informação que lhe interessa, tornando-se, assim, parte inequívoca da obra final. Em “Casa dos Pais”, o público é convidado a interrogar e reaprender a descrever o ordinário, o banal, o até aqui evidente.

Em novembro, dias 3 e 4, estreia “Justiça” de Joana Providência/ Teatro do Bolhão, no Grande Auditório do Rivoli. Este espetáculo visa a construção de uma criação coreográfica habitada por questões como a diversidade, a escolha, a igualdade e a liberdade e pelo desejo de ser uma ferramenta de construção de justiça. Esta criação problematiza a justiça.

No Rivoli, dias 7 e 8 de dezembro, “unraveling” de Visões Úteis. Um espetáculo que se explora como um livro, como uma catedral que se desmonta, para amplificar o lamento da primeira pedra que a ergueu.

Dias 15 e 16 de dezembro estreia no Campo Alegre “Revolução de uma pessoa que sempre fez o que quis” de Nuno Preto/Colectivo Espaço Invisível. Um espetáculo que percorre uma biografia ficcionada de um ator que, 20 anos depois de iniciar a sua carreira, está cansado de só conhecer sucessos. Um texto original escrito com o contributo de diferentes autores e que se apresenta entre o teatro e o cinema enquanto suportes, no limite da verdade e da mentira, da aparência e da realidade.

Na nova temporada do TMP os ciclos da casa continuam

O programa Palcos Instáveis, uma coprodução com a Instável – Centro Coreográfico, passa a realizar-se de dois em dois meses e com dois artistas em cada data. Em setembro, dias 29 e 30, o Campo Alegre recebe “Trans*Performatividade” de AURA e “Desencontro” de Isabela Tescarollo & Uatumã Fattori de Azevedo. Em novembro, dias 3 e 4, estreiam “Abalo na matriz” de Beatriz Baptista e “A·Dentro” de Mercedes Quijada.  

Entre 26 e 28 de outubro, o ciclo Make Trouble propõe um programa condensado e híbrido com vista a mostrar como o teatro pode apresentar realidades, em vez de ficções nos seus formatos mais híbridos e experimentais, através dos espetáculos da silentparty, de Ana Renata Polónia e Magda Szpecht, no Campo Alegre. Composta por Mafalda Banquart, Emanuel Santos, Tiago Araújo e Tiago Jácome, a silentparty apresenta “Um Quarto Só Para Si”, uma sobreposição dos modos de organização do espaço e dos corpos no teatro e na arquitetura, acreditando que experimentar diferentes modelos de construção é um exercício de imaginação de sociedades possíveis. Ana Renata Polónia apresenta “VERBAL IMAGES”, dias 27 e 28, onde procura estabelecer a partilha de impressões sobre experiências e lugares como veículo de evasão, em que a troca de testemunhos constrói uma viagem imaginária sobre o corpo e o contexto em que este se insere. A polaca Magda Szpecht traz “Cyber Elf”, uma palestra sobre “o que pode o teatro fazer, para ajudar a Ucrânia?”, que é também um diário da luta ativista quotidiana. 

O ciclo das Quintas de Leitura conta com três sessões: a 19 de outubro, 9 de novembro e 21 de dezembro.

Na nova temporada do TMP renova-se o apoio aos festivais da cidade

Em outubro, o TMP abre as portas ao FIMP – Festival Internacional de Marionetas do Porto, à Festa do Cinema Francês, aos Novos Talentos do Curso de Música Silva Monteiro, e à Mostra Estufa da Erva Daninha.

Na nova temporada, o TMP reforça as parcerias

Em coapresentação com o Alkantara Festival estreia no Rivoli, “Feijoada”, de Calixto Neto/VOA, dias 10 e 11 de novembro; e “Antigone in the Amazon” de Milo Rau/NTGent, dias 17 e 18. Duas semanas temáticas com diferentes discursos vindos do Brasil que demonstram a diversidade e riqueza daquele país.

Será apresentado, em estreia nacional, “INK”, do encenador grego Dimitris Papaioannou, dias 30 de novembro e 1 e 2 de dezembro. Num dueto que rapidamente ganha contornos de duelo, Dimitris Papaioannou, acompanhado do bailarino uka Horn, investiga os limites da realidade com os filtros da ficção científica e do terror.

Na nova temporad, o TMP continua a ter propostas para programas com os mais novos

O Campo Alegre recebe nos dias 17 e 18 de novembro, a bailarina e coreógrafa Beatriz Valentim que apresenta “O que é um problema?”. Um espetáculo que se constrói em palco, com duas bailarinas, uma delas também artista plástica e o músico Pedro Souza. A 7 e 8 de dezembro estreia “Ik... eh ik [Eu... ah eu]” de Het Houten Huis & Nordland Visual Theatre. Também dia 8, “Ai de mim, Ai do Eu...” da Trupe Fandanga, um microespectáculo que é a procura de uma marioneta efémera feita de barro e mãos, que se despoja acidentalmente do seu ego e altivez. Um personagem solitário numa paisagem de despojos, obrigado a viver em função do que estes lhe proporcionam.

“Acreditamos que o teatro é um fórum vivo das diversas complexidades que constituem a nossa sociedade, um espaço para descobrir linguagens novas, desfrutar de uma alegria coletiva e desafiar o nosso entendimento do mundo que partilhamos. Acreditamos numa experiência fluida que atravessa os corpos numa existência individual, mas coletiva, e no teatro como ferramenta para criar linguagens novas dos dias de hoje – de forma poética, mas desafiante; de forma híbrida, mas com que nos podemos relacionar”, concluem Cristina Planas Leitão e Drew Klein.

Os bilhetes para os espetáculos da temporada 2023/2024 ficam disponíveis a partir de dia 28 de junho, nas bilheteiras do Teatro Rivoli e do Teatro Campo Alegre, e online.

O caminho para um acesso mais alargado e equitativo à programação continua a ser trilhado, com mais espetáculos com sessões acessíveis. Na temporada 2023/2024 há nova tabela de bilheteira, alargando o desconto de 50% a pessoas com necessidades específicas, maiores de 65 anos, em situação de desemprego, estudantes, entre outras. A nova tabela propõe ainda um novo cartão anual. O TMP Cartão tem um custo anual de 120€ e dá acesso a 20 espetáculos, 50% de desconto no bilhete de acompanhante, 10% de desconto no TMP Café, entre outras vantagens.
De setembro a dezembro, o TMP reafirma-se como um teatro municipal na cultura contemporânea, reforçando laços com os artistas e os espaços da cidade, assim como com os festivais a nível nacional. Ao longo dos primeiros quatro meses da temporada 2023/2024, o TMP vai ser palco de oito estreias.

Cristina Planas Leitão e Drew Klein © José Caldeira / TMP

© Alessandro Sciarroni

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