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Sinopse

Em parceria com Universidade Lusófona do Porto

Espaços, lugares e territorialidades

Fátima Vieira
Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Outubro

2022

Ter
25

Sinopse

Nos últimos anos ganhou preponderância o chamado “spatial turn”, a viragem para o espaço. Uma viragem implica uma mudança de direção, mas também a revelação de algo essencial. A maneira como o espaço se inscreve sobre a Terra, de onde emana A Terra, é rugosa enquanto que o espaço geométrico é liso. A viragem deve-se a um pressentimento do especial dramatismo da relação com a Terra. Dizia Beckett: "Estamos sobre a Terra e isso não tem remédio". A afinidade da carne com a matéria acarreta a finitude humana, que nenhuma religião conseguiu cancelar, e cujo destino é o mesmo que o da própria Terra. Mas é o seu aparecimento que é problemático. A invenção da geometria, os mapas, as fronteiras, a rede de satélites e o GPS foram o efeito de um processo inconsciente e potente sobre a Terra, procurando dominá-la, pô-la à distância.
Todo o desafio está em ampliar o horizonte da habitabilidade em comum da Terra, no suspender as guerras territoriais, de pensar novas dobras do espaço, como os sonhados nas utopias (Bloch), nas heterotopias (Foucault), nas paisagens. No século passado, a land-art, ou a instalação, abriram esse caminho. Talvez apenas a arte possa, sem violência, abrir uma outra relação com a Terra, mais bela e mais justa. Explorar esta possibilidade passa por uma pluralidade de pensamentos em concerto, vindos das práticas artísticas, da filosofia, da geografia, da política ou da antropologia. Um concerto pela terra a ter lugar no Rivoli. — José Bragança de Miranda, Isabel Babo, Manuel Bogalheiro

Para uma teoria do utopismo complexo

No livro que publicou em 2019, Uma Teoria da Democracia Complexa, o filósofo basco Daniel Innerarity defende que vivemos hoje um grave problema conceptual, pois temos vindo a tentar compreender os problemas do século XXI com ferramentas conceptuais que foram definidas nos finais do século XIX e no início do século XX. Argumenta Innerarity que, para entendermos o mundo complexo em que vivemos, necessitamos de teorias complexas, capazes de analisar e de comunicar ideias por vezes contraditórias. Enquanto a ciência mudou grande parte dos seus paradigmas, os conceitos centrais à teoria política contemporânea não sofreram uma alteração equivalente.
Subscrevendo a argumentação de Innerarity, defendo que, para entendermos o pensamento utópico de hoje – a forma como alimenta o nosso imaginário social, assim contribuindo para a transformação das comunidades –, necessitamos de uma teoria do utopismo complexo. Longe das grandes narrativas, o utopismo contemporâneo tornou-se prático, realista e polifónico, alimentando-se, em grande parte, de experiências heterotópicas. A sua compreensão reclama, por isso, uma abordagem espacial. Como anunciou Michel Foucault na conferência que proferiu em Paris, a 14 de março de 1967, “a presente época será talvez, acima de tudo, a época do espaço. Estamos na época da simultaneidade: estamos na época da justaposição, na época do longe e do perto, do lado a lado, do disperso”. É precisamente esta profusão de propostas utópicas que me proponho analisar. — Fátima Vieira

Fátima Vieira é Vice-Reitora para a Cultura e Museus da Universidade do Porto e Professora Catedrática da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), onde leciona desde 1986. Na Universidade do Porto tem tido, ao longo dos últimos 4 anos, a responsabilidade da dinamização cultural dos projetos CASA COMUM e CORREDOR CULTURAL, que criou, bem como do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto, da Galeria da Biodiversidade, do Planetário do Porto, da Fundação Marques da Silva e da U.Porto Press / Editora da Universidade do Porto. Foi Presidente da Utopian Studies Society / Europe entre 2006 e 2016, tendo sido galardoada com o Larry E. Hough Distinguished Service Award, instituído pela associação americana e canadiana Society for Utopian Studies. É coordenadora do Polo do Porto do CETAPS – Centre for English, Translation and Anglo-Portuguese Studies, onde lidera a linha de investigação Mapping Utopianisms. Foi coordenadora de vários projetos financiados pela FCT, é Visiting Professor da Universidade de Ferrara, onde leciona num programa doutoral internacional sobre sustentabilidade e bem-estar, e docente no programa doutoral europeu MOVES. Fez um grande número de conferências em Portugal e no estrangeiro, fez consultoria para revistas e projetos científicos, organizou múltiplos congressos nacionais e internacionais, e organizou e contribuiu para muitos volumes nas áreas dos Estudos sobre a Utopia e Tradução Literária. Lista completa de publicações aqui.

conferência

© José Caldeira

Info sobre horário e bilhetes

Ter

25.10

18:30

RivoliPequeno Auditório

Informação adicional

  • Preço Entrada gratuita
    Classificação etária 6+

Texto biografia autores

Ficha técnica

  •  

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