Poeta + Os Irmãos de Leila

18:45 — Poeta
de Darezhan Omirbayev

Jean-Luc Godard elogiou-o como um dos mais “surpreendentes realizadores da atualidade”, alguns anos depois de Darezhan Omirbayev ter apresentado o seu filme de estreia em Locarno, onde foi premiado. Continua a surpreender-nos com Poeta, a sua nova obra, que Mathieu Macheret, do Le Monde, considerou um dos “mais belos filmes da Berlinale”, onde o “cineasta cazaque, como bom dostoievskiano, interroga, através de uma alegoria, o desaparecimento da poesia no mundo nosso contemporâneo. O seu jovem herói, um poeta perdido numa época demasiado prosaica, colocava ao festival alemão uma questão muito importante: qual é hoje a nossa relação com a beleza?”

Didar é um poeta absorvido pelo seu trabalho diário num jornal. Nestes tempos de consumo massificado, do triunfo tecnológico, da comercialização e das redes sociais, poucos são os que se interessam pela poesia. Ao ler a história de um célebre poeta cazaque do século XIX, executado pelo poder, Didar reconhece a dureza e a exigência da sua vocação, debatendo-se entre a dor e a alegria, os êxitos e os fracassos.

21:00 — Os Irmãos de Leila
de Saeed Roustaee

Apesar das dificuldades por que passa (há actualmente no Irão vários cineastas presos) o cinema iraniano trouxe-nos de novo, nos anos mais recentes, um conjunto de jovens cineastas que nos surpreenderam e encheram de espanto, como há algumas décadas o tinham feito Abbas Kiarostami ou, depois, Jafar Panahi, por exemplo. Saeed Roustaee, de quem se estreou em Portugal há alguns meses o portentoso A Lei de Teerão, tem um novo filme, este Os Irmãos de Leila, estreado no festival de Cannes, onde recebeu o prémio da Crítica Internacional (por enquanto interdito no Irão), e que está também na Competição do LEFFEST’22.

Com 40 anos, Leila tem passado a vida a tomar conta dos pais e dos quatro irmãos. A família discute constantemente e está afundada em dívidas. Enquanto os irmãos tentam sobreviver, Leila deseja criar um negócio para salvar a família da pobreza, descobrindo que o pai esconde uma herança. Esta descoberta vai fragilizar a dinâmica familiar, permanentemente na iminência da implosão.