Marco da Silva Ferreira + Amala Dianor / Via Katlehong

Fundada em 1992 e dirigida por Buru Mohlabane e Steven Faleni, a companhia de dança Via Katlehong deve o seu nome à East Rand (hoje, parte da cidade sul-africana de Ekurhuleni), bairro pobre onde nasce o movimento contracultural Pantsula. Com uma forte identidade comunitária, a Via Katlehong desenvolve uma missão educativa, cultural e social junto da juventude da África do Sul. A companhia recebeu vários prémios internacionais pelas suas criações que combinam tradições pantsula com outras danças sul-africanas, tais como Gumboot e Step. Tal como o Hip hop nos Estados Unidos da América e na Europa, a cultura pantsula é um estilo de vida que passa pela moda, música, dança, linguagem corporal e gíria. As suas danças vivem da partilha de energia e de ritmo. Gritando, assobiando, batendo com os pés e as mãos, o público participa na celebração, evocando a alegria e o desejo de viver. Regularmente, a companhia convida artistas internacionais para trabalharem nas suas criações. Em 2022, Via Katlehong juntam-se a Amala Dianor e a Marco da Silva Ferreira.

Marco da Silva Ferreira — førma Inførma

A minha formação enquanto bailarino e artista baseou-se inicialmente em danças de origem afro-americana (popping, new style, krump, house) e no kuduro, um estilo de Angola. Apesar de, nos últimos anos, a minha pesquisa se ter centrado muito em elementos do clubbing, continua relacionada com o sentido e o significado que a dança tem no contexto social ou na construção de uma identidade coletiva através da dança. Tenho cada vez mais vontade de reativar uma composição fantasiosa/fantasmagórica e de a fazer dialogar com a Via Katlehong. — Marco da Silva Ferreira

Amala Dianor — Emaphakathini

O meu trabalho baseia-se num processo de fertilização cruzada. Com isso, quero dizer uma forma de fazer recuar fronteiras, de deslocar linhas de separação, para criar espaços mistos novos, “entremeios” a explorar. Confrontado com a história da África do Sul, quero centrar-me neste princípio de movimento e abolição de fronteiras. A minha intenção é aproveitar as personalidades e histórias individuais de cada intérprete da Via Katlehong assim como o nosso encontro. Procurarei esses “entremeios” que abrangem a dança tradicional e urbana, recorrendo, desta feita, à herança técnica das danças gumboot e pantsula da África do Sul. — Amala Dianor